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1 de dezembro de 2011

Artesanato brasileiro: a expressão artística indígena

Olá!
Finalizo hoje minhas postagens sobre o artesanato brasileiro, lembrando e frisando que os textos não são de minha autoria. Busquei na Net e trouxe para vocês. Os devidos créditos de textos e imagens estão citados ao final de cada postagem.

Nunca é demais lembrar que o artesanato produzido em nosso país é digno do orgulho de todos os brasileiros. E é sobre uma parcela específica do povo brasileiro que trata o post de hoje: os índios. Esses povos produziram e produzem um artesanato belíssimo.

Muitas etnias indígenas já desapareceram e sua arte só pode ser admirada em museus. Mas os grupos remanescentes mantém, na medida do possível, as tradições artísticas de seus antepassados.
O texto é longo, mas vale a pena saber um pouco mais sobre o artesanato indígena e, porque não dizer, a arte indígena brasileira!
Bjs
Ju



A primeira questão que se coloca em relação à arte indígena é defini­-la ou caracterizá‑la entre as muitas atividades realizadas pelos índios. 

Quando dizemos que um objeto indígena tem qualidades artísticas, podemos estar lidando com conceitos que são próprios da nossa civilização, mas estranhos ao índio. Para ele, o objeto precisa ser mais perfeito na sua execução do que sua utilidade exigiria. 

Nessa perfeição para além da finalidade é que se encontra a noção indígena de beleza. Desse modo, um arco cerimonial emplumado, dos Bororo, ou um escudo cerimonial, dos Desana  podem ser considerados criações artísticas porque são objetos cuja beleza resulta de sua perfeita realização.

Outro aspecto importante a ressaltar: a arte indígena é mais representativa das tradições da comunidade em que está inserida do que da personalidade do indivíduo que a faz. É por isso que os estilos da pintura corporal, do trançado e da cerâmica variam significativamente de uma tribo para outra.


Apesar de terem existido muitas e diferentes tribos, é possível identificar ainda hoje duas modalidades gerais de culturas indígenas: a dos silvícolas, que vivem nas áreas florestais, e a dos campineiros, que vivem nos cerrados e nas savanas.

Os silvícolas têm uma agricultura desenvolvida e diversificada que, associada às atividades de caça e pesca lhes proporciona uma moradia fixa. Suas atividades de produção de objetos para uso da tribo também são diversificadas e entre elas estão a cerâmica, a tecelagem e o trançado de cestos e balaios.

Já os campineiros têm uma cultura menos complexa e uma agricultura menos variada que a dos silvícolas. Seus artefatos tribais são menos diversificados, mas as esteiras e os cestos que produzem estão entre os mais cuidadosamente trançados pelos indígenas.

É preciso não esquecer que tanto um grupo quanto outro conta com uma ampla variedade de elementos naturais para realizar seus objetos: madeiras, caroços, fibras, palmas, palhas, cipós, sementes, cocos, resinas, couros, ossos, dentes, conchas, garras e belíssimas plumas das mais diversas aves. 

Evidentemente, com um material tão variado, as possibilidades de criação são muito amplas, como por exemplo, os barcos e os remos dos Karajá, os objetos trançados dos Baniwa, as estacas de cavar e as pás de virar beiju dos índios xinguanos.


A tendência indígena de fazer objetos bonitos para usar na vida tribal pode ser apreciada principalmente na cerâmica, no trançado e na tecelagem. Mas ao lado dessa produção de artefatos úteis, há dois aspectos da arte índia que despertam um interesse especial. Trata‑se da arte plumária e da pintura corporal.

A partir de uma matéria‑prima abundante, como folhas, palmas, cipós, talas e fibras, os índios produzem uma grande variedade de peças, cestos, abanos e redes. 

Da arte de trançar e tecer, Darcy Ribeiro destaca especialmente algumas realizações indígenas como as vestimentas e as máscaras de entrecasca, feitas pelos Tükuna e primorosamente pintadas; as admiráveis redes ou maqueiras de fibra de tucum do Rio Negro; as belíssimas vestes de algodão dos Paresi que também, lamentavelmente, só se podem ver nos museus.



 


As peças de cerâmica que se conservaram testemunham muitos costumes dos diferentes povos indígenas e uma linguagem artística que ainda nos impressiona. São assim, por exemplo, as urnas funerárias lavradas e pintadas de Marajó, a cerâmica decorada com desenhos impressos por incisão dos Kadiwéu, as panelas zoomórficas dos Waurá e as bonecas de cerâmica dos Karajá.


Esta é uma arte muito especial porque não está associada a nenhum fim utilitário, mas apenas à pura busca da beleza. Existem dois grandes estilos na criação das peças de plumas dos índios brasileiros. As tribos dos cerrados fazem trabalhos majestosos e grandes, como os diademas dos índios Bororo ou os adornos de corpo, dos Kayapó. 


As tribos silvícolas como a dos Munduruku e dos Kaapor fazem peças mais delicadas, sobre faixas de tecidos de algodão. Aqui, a maior preocupação é com o colorido e a combinação dos matizes. As penas geralmente são sobrepostas em camadas, como nas asas dos pássaros. Esse trabalho exige uma cuidadosa execução. 



Para os índios, as máscaras têm um caráter duplo: ao mesmo tempo que são um artefato produzido por um homem comum, são a figura viva do ser sobrenatural que representam Elas são feitas com troncos de árvores, cabaças e palhas de buriti e são usadas geralmente em danças cerimoniais, como, por exemplo, na dança do Aruanã, entre os Karajá, quando representam heróis que mantêm a ordem do mundo.


As cores mais usadas pelos índios para pintar seus corpos são o vermelho muito vivo do urucum, o negro esverdeado da tintura do suco do jenipapo e o branco da tabatinga. A escolha dessas cores é importante, porque o gosto pela pintura corporal está associado ao esforço de transmitir ao corpo a alegria contida nas cores vivas e intensas. 


São os Kadiwéu que apresentam uma pintura corporal mais elaborada Os primeiros registros dessa pintura datam de 1560, pois ela impressionou fortemente o colonizador e os viajantes europeus. Mais tarde foi analisada também por vários estudiosos, entre os quais Lévi‑Strauss, antropólogo francês que esteve entre os índios brasileiros em 1935.


De acordo com Lévi‑Strauss, "as pinturas do rosto conferem, de início, ao indivíduo, sua dignidade de ser humano; elas operam a passagem da natureza à cultura, do animal estúpido ao homem civilizado. Em seguida, diferentes quanto ao estilo e à composição segundo as castas, elas exprimem, numa sociedade complexa, a hierarquia dos status. Elas possuem assim uma função sociológica."


Os desenhos dos Kadiwéu são geométricos, complexos e revelam um equilíbrio e uma beleza que impressionam o observador. Além do corpo, que é o suporte próprio da pintura Kadiwéu, os seus desenhos aparecem também em couros, esteiras e abanos, o que faz com que seus objetos domésticos sejam inconfundíveis.”



Padrões de pintura corporal indígena
 

Imagens:
Os créditos aqui citados aparecem na mesma sequência das imagens. Google imagens.

fotografoedgarrocha.blogspot.com
timblindim.wordpress.com
diadoindio.degratis.org
artecef3.blogspot.com (etnia Kadiweu)
artecef3.blogspot.com  (etnia Kaxinawa)
arteindigdobrasil.blogspot.com  (etnia Bakairi)
ecosdaculturapopular.blogspot.com (etnia Pataxó)
julirossi.blogspot.com





29 de novembro de 2011

Artesanato brasileiro: cestas e trançados

Mãos que trançam...
 Olá!
Meu post de hoje sobre o artesanato brasileiro trata das cestas e dos trançados, que decoram tantos ambientes mundo afora! Quem não gosta de tirar uma soneca numa rede? Quem  não aprecia as belas cestas produzidas pelas comunidades indígenas? e os chapéus, então? Não há mulher que resista a um nos dias de verão... 
São tantos e tão bonitos esses objetos feitos com matéria-prima natural,sendo bastante apreciados também no exterior.
Por isso, quero compartilhar o que encontrei sobre essa categoria de artesanato. E tem fotos!
Bjs
Ju


Cestas e trançados

A arte de trançar fibras, deixada pelos índios, inclui esteiras, redes, balaios, chapéus, peneiras e outros. Quanto à decoração, os objetos de trançados possuem uma imensa variedade, explorada através de formas geométricas, espessuras diferentes, corantes e outros materiais. Os índios possuem grande habilidade para tecelagem, já que sua prática e conhecimento dos trançados e cestarias é bastante desenvolvida. No artesanato de cestas e trançados, destacam-se as tribos do alto Amazonas e Solimões, influenciados pelos povos andinos.

Na confecção manual de tecidos, utilizam-se dois processos, o vertical e o horizontal. O vertical foi um processo que muito se difundiu entre os índios amazônicos e mato-grossenses, utilizando o processo para produção de redes. As combinações de fios podem produzir diferentes texturas, com efeitos de alto e baixo relevo. É padronizada em geral por motivos geométricos e linhas retas. Apenas tecelões da Bahia produzem o chamado "pano-da-costa", que oferecem padrões figurativos. Alguns padrões geométricos são conhecidos como: xadrez, pé de gato, redemoinho, tamborete, flor de aurora, olho de perdiz, caracol, mosquitinho e quadrinho.

O Estado do Mato Grosso produz redes de intenso colorido através da técnica de "lavrado". O Maranhão produz as mesmas redes com finos acabamentos. O Pará e o Amazonas apresentam em sua produção, ricas redes de tucum, espécie de linho do vale. Na cestaria do Norte e Nordeste, os materiais mais usados são: palha, cipó, tucum, taboca, buriti, carnaúba, vime e taboa. Na Bahia, em especial, também se usa a piaçaba.

Lindíssimo! 
Sem palavras!
Linda cesta para guardar lãs e agulhas!
Produzindo o "pano-da-costa"! 
Rede de tucum 

Imagens: 

www.artesol.org.br/site/tipologias
belezadacaatinga.blogspot.com
cana-de-acucar.com

amigosdoturismo.blogspot.com

africasaberesepraticas.blogspot.com (pano-da-costa)

ambienteacreano.blogspot.com (rede de tucum)

28 de novembro de 2011

O artesanato brasileiro: entalhe em madeira / The Brazilian handicraft, wood carving

Carrancas do Rio São Francisco / Frown São Francisco River
Olá!
Mais um pouquinho de artesanato brasileiro. Desta vez é sobre entalhe em madeira, categoria em que se destacam os artesãos do Rio São Francisco.

Entalhando a madeira


A produção de entalhes em madeira é outra manifestação da cultura material brasileira, utilizada pelos índios nas suas construções, armas e utensílios, embarcações e instrumentos musicais, máscaras e bonecos. A arte e o artesanato em madeira produzem objetos diversificados com motivos como a natureza, o universo humano e a fantasia.

As carrancas, ou cabeças-de-proa, muito conhecidas no Rio São Francisco, são figuras reais ou mitológicas, com formas humanas ou de animais, geralmente com expressões de ira, que os navegantes costumam colocar na frente de suas embarcações, para afugentar os maus espíritos. Utensílios como cocho, pilão, gamela e móveis simples e rústicos, também são produzidos artesanalmente. Podemos citar ainda outras produções, tais como: engenhos, moendas, tonéis, e carroças. Mas o maior produto artesanal em madeira - contando com poucas partes de metal - é com certeza o carro de bois.

Fazendo a carranca / Making the frown

Carro de bois  / oxcart
 Hello!

Another bit of Brazilian handicraft. this time is about woodcarving, category highlighting the artisans of the San Francisco River.

  Wood carving
The production of wood carving is another manifestation of Brazilian culture material, used by Indians in their buildings, weapons and utensils, vessels and musical instruments, masks and puppets. The art and craft produce wooden objects with diverse reasons such as nature, the universe and human fantasy.

The frowns or head-to-bow, well known in the San Francisco River, are real or mythological figures, with human or animal forms, often with expressions of anger, which sailors usually put in front of their vessels to ward off evil spirits. Utensils and trough, pestle, bowl and simple, rustic furniture, are also produced by hand. We can also mention other productions, such as mills, crushers, tanks, and carts. But the biggest wooden handicraft products - relying on a few pieces of metal - is certainly the ox-cart.
 

Fonte: http://educacao.uol.com.br/cultura-brasileira/artesanato-ceramicas-rendas-e-outros-tipos-de-artesanato-brasileiro.jhtm

Imagem1: blogillustratus.blogspot.com

Google imagens
Imagem2: pe360graus.globo.com Artes no rio São Francisco Reprodução/TV
Google imagens
Imagem3: panoramio.com

27 de novembro de 2011

O artesanato brasileiro: a renda de bilro / The Brazilian handicraft: the bobbin lace


Olá!
Quem não se encanta com os trabalhos feitos pelas rendeiras das regiões Nordeste, Norte e Sul do Brasil? Difícil não gostar, pois são lindos demais! Quer saber um pouquinho mais sobre a renda de bilro? Leia o post!
Bjs
Ju

Hello!
Who is not enchanted with the work done by the lace makers in the Northeast, North and South of Brazil? Hard not to like because they are too nice! Want to know a little more about bobbin lace? Read the post!
Kisses,
Ju



Artesanato brasileiro: a renda de bilro


A renda, presente em roupas, lenços, toalhas e outros artigos, têm um importante papel econômico nas regiões Norte, Nordeste e Sul. A chamada renda de almofada ou de bilros é desenvolvida pelas mãos das rendeiras que trabalham com uma almofada, um papelão cheio de furos, linha e bilros (pequenas peças de madeira semelhantes a fusos).

Trazida pelos portugueses e pelos colonos açorianos, esta técnica é um trabalho tradicional de vários pontos do litoral brasileiro. Os papelões são passados de geração a geração e alguns motivos são exclusivos de uma família. Apesar de a renda não ser um produto originalmente brasileiro, tornou-se um produto local através da aculturação.



nisiafloresta.rn.gov.br

(Google imagens)

Brazilian handicrafts: the bobbin lace

The lace, present in different clothing, handkerchiefs, towels and other items, have an important economic role in the North, Northeast and South called The income cushion is developed or bobbin lace at the hands of working with a pillow, filled with a cardboard holes, line and bobbin (small pieces of wood like screws).

Brought by the Portuguese and Azorean colonists, this technique is a traditional work of various parts of the Brazilian coast. The cartons are passed from generation to generation and some reasons are unique to one family. Although lace is not originally a product of Brazil, became a local product through acculturation.





O artesanato brasileiro / The Brazilian handicraft

Retirantes (do mestre Vitalino)
   
Quem visita meu blog sabe que tenho o hábito de compartilhar não apenas o que produzo, mas também assuntos que dizem respeito ao fazer artesanal de modo geral. Gosto de pesquisar, aprender, e principalmente compartilhar com todos vocês.
Encontrei hoje na UOL um artigo bem interessante sobre o artesanato brasileiro, que é um dos mais ricos do mundo.
Vamos conhecer um pouco mais sobre ele? Reproduzo aqui o que encontrei. Um pouquinho de cada vez!!
Bjs
Ju
Imagem:  
desetattoo.blogspot.com

"Cerâmica e bonecos de barro

A cerâmica é uma das formas de arte popular e de artesanato mais desenvolvidas no Brasil. Dividida entre cerâmica utilitária e figurativa, essa arte feita pelos índios misturou-se depois à tradição barrista européia, e aos padrões africanos, e desenvolveu-se em regiões propícias à extração de sua matéria-prima - o barro. Nas feiras e mercados do Nordeste, podem-se ver os bonecos de barro que reconstituem figuras típicas da região: cangaceiros, retirantes, vendedores, músicos e rendeiras. Os mais famosos são os do pernambucano Mestre Vitalino (1909-1963), que deixou dezenas de descendentes e discípulos.
A cerâmica figurativa destaca-se também nos estados do Pará, Ceará, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Espírito Santo, São Paulo e Santa Catarina. Nos demais estados, a cerâmica é mais do tipo utilitária (potes, panelas, vasos etc.)."
Those who visit my blog know that I have the habit of sharing not only what they produce, but also issues concerning the overall craftsmanship. I like to research, learn, and especially to share with you all.
I found today on YouTube a very interesting article about the Brazilian handicraft, which is one of the richest in the world.
Let us know a little more about it? I reproduce here what I found. A little at a time!

kisses,
Ju


picture:
desetattoo.blogspot.com


"Ceramics and clay dolls
Pottery is a form of folk art and crafts of the most developed in Brazil. Torn between figurative and utilitarian ceramics, the art made ​​by the Indians mingled after the barrista European tradition, and African standards, and developed in areas conducive to the extraction of its raw material - clay. Fairs and markets in the Northeast, you can see the clay figures that reconstitute figures typical of the region: outlaws, refugees, vendors, musicians and lace. The most famous are those of Pernambuco Vitalino Master (1909-1963), which left dozens of descendants and disciples.


The pottery is also a leading figure in the states of Para, Ceara, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Espirito Santo, Sao Paulo and Santa Catarina. In other states, the pottery is more of a utilitarian (pots, pans, pots etc..). "

19 de novembro de 2011

"Declaração de Viena sobre o futuro do artesanato"

Oi!!
Muita, mas muita gente acha que arte é arte e artesanato é artesanato. Arte fica num patamar culto, erudito e artesanato, num patamar dito "popular". Tenho pesquisado sobre o assunto e, em breve, vou postar alguma coisa sobre isso. Nas minhas pesquisas encontrei o WCC, do qual falo no post imediatamente anterior a este. Agora quero comentar sobre a Declaração de Viena, que simplesmente trata artesanato como arte!!! Isso é muito legal!
Vale a pena ler.
Bjs
Ju
“DECLARACÃO DE VIENA SOBRE O FUTURO DO ARTESANATO



O Conselho Mundial de Artesanato (WORLD CRAFT COUNCIL - WCC), organização não-governamental (ONG) filiada à UNESCO na categoria A, promoveu em julho de 1980, em Viena, sua IX Conferência Internacional. A Assembléia Geral do encontro transformou a síntese do pensamento dos 51 países participantes - Brasil inclusive - no seguinte documento:

Somos os guardiões da nossa cultura, e devemos assumir a responsabilidade da nossa identidade expressa no nosso trabalho, não a serviço do consumidor anônimo, mas do ser humano.

Devemos nos desfazer do egoísmo excessivo que nos separa, para que nossos espíritos se comuniquem livremente.

Devemos lembrar que cada obra de arte faz parte de nossa alma, e nós devemos nos orgulhar disso. Mas devemos nos lembrar também que não é preciso falar muito de nosso trabalho, pois depois de nossa morte nossas obras falarão por elas mesmas.

As obras de arte são objetos espirituais! Além disso, se a tecnologia do artesanato teve um desenvolvimento incrível até nossos dias, nos anos 80 será preciso descobrir a alma na obra, pois só a alma sobreviverá.


É o uso que faz o objeto. Não devemos fazê-los apenas para exibi-los, ou para serem guardados em museus.

Só se varre a porta depois da casa limpa. Depois da casa varrida, é a sociedade que deve varrer as ruas.

Nós nos dirigimos aos governos e às agências responsáveis pelo artesanato e pelos artistas para apoiá-los nos seguintes pontos:



O direito de aprender e ensinar o artesanato durante toda uma vida, segundo nossa cultura individual.

O direito à pesquisa e a documentação, em nível de igualdade com outras disciplinas.

Igualdade de direitos a um suporte financeiro.

O direito de organização, e de ser consultado sobre todos os programas que serão realizados para os artesãos e o artesanato.



Viena, Áustria, 1980”



WCC - World Craft Council / Conselho Mundial do Artesanato

Olá pessoal!
Artesanato é coisa tão séria que existe um Conselho Mundial de Artesanato, o WCC ou World Crafts Council, com sede em Nova York/EUA, tendo sido criado por Aileen Osborn Webb, Margaret Patch e Kamaladevi Chattopadhyay. Entrei no site deles e fiquei impressionada com o trabalho que desenvolvem. O WCC é filiado à UNESCO e está presente na África, Ásia/ Pacífico, Europa, América Latina e América do Norte.
Vejam só o que foi dito pelo fundador, no primeiro congresso:


“quando confrontadas umas com as outras como artistas, as pessoas poderiam se reunir em um espírito amigável e com profundo conhecimento, não importa sua raça ou sua política. Este é o primeiro passo para trazer a paz ao mundo. São as coisas do espírito, as artes do país, que sempre conduziram a humanidade para frente, e é a esse espírito que os artesãos do mundo devem prestar-se "-. Aileen Osborn Webb.

Segundo informações do próprio site, o WCC foi fundado em 1964, sendo uma organização não-governamental sem fins lucrativos e sua finalidade é reforçar o estatuto do artesanato como uma parte vital da vida cultural e econômica, promover a comunhão entre os artesãos do mundo, oferecer-lhes encorajamento, ajuda, conselhos e promover o desenvolvimento econômico por meio de atividades geradoras de renda. Em suma, a missão do WCC procura valorizar artesanato e artesãos, conectando o presente com o passado através da preservação das tradições herdadas, ao mesmo tempo olhando para o futuro através do uso de tecnologia moderna para experimentar, inovar e alcançar novos mercados.

Membros do CMI, participa de projetos com características de cada uma das cinco regiões (África, Ásia Pacífico, Europa, América Latina e América do Norte) e colabora na sua integração e na realização de programas de grande escala. Membros do WCC participam de uma ampla gama de atividades domésticas e internacionais, tais como seminários, workshops, exposições, concursos, programas de intercâmbio e conferências especializadas que se concentram em muitos aspectos do artesanato.

O WCC insiste na necessidade de promover a dignidade, o respeito e a auto-estima dos artesãos, para torná-los celebridades, percebendo que essas pessoas carregam em suas mãos o tesouro vivo da nossa herança cultural. O WCC acredita firmemente que uma nação permanece viva quando sua cultura permanece viva.

O site do WCC fornece informações sobre a organização e sua estrutura, composição e as atividades dos seus membros. Ele é atualizado regularmente para incluir novos itens, tópicos, relatórios e um calendário de eventos no setor de artesanato internacional.


Muito legal isso, não é? 
A imagem é do site.

Vale a pena conhecer o site: http://www.worldcraftscouncil.org
É em inglês, mas o Google tradutor ajuda, né gente?
Bjs

28 de outubro de 2011

As origens do artesanato – Final

A Revolução Industrial significou o fim do artesanato?

A  produção manual de objetos e utensílios é muito antiga, como vimos na 2ª parte de “As origens do artesanato”. Os artesãos surgiram nas comunidades dentre aqueles indivíduos mais habilidosos e talentosos e durante séculos o fazer manual foi sendo aperfeiçoado. O crescimento das cidades elevou o prestigio dos artesãos e muitos deles eram requisitados pela realeza.
O aumento do consumo levou os artesãos a aumentar sua produção significativamente e entrou em cena um novo personagem: o comerciante. Este passou a fornecer a matéria-prima aos artesãos; em seguida, passou a contratá-los para trabalhar em sua pequena manufatura, onde por vezes havia máquinas muito rudimentares para auxiliar o trabalho. O comerciante começa a produzir e o artesão vinculado a ele começa a perder controle sobre o que produz: cada artesão contratado na pequena manufatura realiza um tipo de tarefa. É o início da divisão do trabalho, algo que contrasta profundamente com a atividade artesanal na qual, como vimos na 1ª parte, o profissional controla todo o processo, desde a obtenção da matéria-prima até à comercialização do produto final, além de ser o proprietário das ferramentas de trabalho.

No início, artesanato. Mais tarde, manufatura. Porém, a situação dos artesãos muda radicalmente a partir do século XVIII com o advento da Revolução Industrial:
A substituição das ferramentas pelas máquinas, da energia humana pela energia motriz e do modo de produção doméstico pelo sistema fabril constituiu a Revolução Industrial; revolução, em função do enorme impacto sobre a estrutura da sociedade, num processo de transformação que foi acompanhado por notável evolução tecnológica. (http://www.cencal.pt/pt/livro/Cap1-Introdução.pdf)
Em resumo, as oficinas artesanais dão lugar às pequenas manufaturas e estas, às grandes fábricas e indústrias. Vale ressaltar que esse processo não ocorreu na mesma época em todos os países do mundo, mas isso é outra história.

Com a Revolução Industrial,
os trabalhadores perderam o controle do processo produtivo, uma vez que passaram a trabalhar para um patrão (na qualidade de empregados ou operários), perdendo a posse da matéria-prima, do produto final e do lucro. Esses trabalhadores passaram a controlar máquinas que pertenciam aos donos dos meios de produção os quais passaram a receber todos os lucros. (Wikipédia)
A maior parte de tudo o que consumimos atualmente é produzido industrialmente e quando os produtos entram em nossas casas, na maioria dos casos nem sequer temos ideia de como ele foi feito e muito menos por quem foi feito. São produtos anônimos, fabricados em série. Com o artesanato não é assim. Cada peça tem uma história, muitas vêm assinadas e em muitos casos podemos até conversar com quem a fez. 

Agora cabe a pergunta: a Revolução Industrial significou o fim do artesanato? Não significou o fim, mas é fato que com a industrialização
 o artesanato entrou num processo de desagregação e decadência, reservando-se para as atividades de caráter marginal dentro do quadro econômico do mundo ocidental. (http://www.pick-upau.org.br/nacao/jaragua/jaragua.htm.Conceitos e histórico do artesanato)

Isso dá muito que pensar. Estamos no século XXI, amamos e fazemos artesanato, mas poucos têm idéia de que essa atividade é muito discriminada. Fala-se em artesanato, cultura popular, arte, arte erudita, arte popular. Ihhh…são muitos conceitos que escondem, na verdade, preconceitos. Falarei disso mais adiante…
Assim, finalizo com mais uma citação:
Conceitos e história à parte, o artesanato hoje é a relação das pessoas com as pessoas, um elo entre as culturas e os costumes, a tradição que não é imposta, mas sim passada de pai para filho. De uma forma ou de outra hoje o artesanato na maioria das vezes é feito por pessoas comuns, mas que acima de tudo, transmitem seus sentimentos a cada peça, que vendem não só objetos, bijuterias, mas vendem emoções, sentimentos, desejos e até tormentos, tudo contido em seus trabalhos. (http://www.pick-upau.org.br/nacao/jaragua/jaragua.htm.Conceitos e histórico do artesanato)

Bem, pessoal, encerro aqui minhas curtas e tortas linhas sobre as origens do artesanato. Acredito que mais do que gostar de fazer é preciso compreender, valorizar o que se faz e disseminar o amor que depositamos em cada peça, como faziam os  antigos artesãos.

Espero que tenham gostado.
Até a próxima
Bjs,
Ju

Fontes:
Dicionário Houaiss/ verbete arte
www.cencal.pt/ptlivro/Cap1-Introducao.pdf
www.pt.wikipedia.org/Revolucao_Industrial
Imagem: Cestaria / www.infoescola.com



23 de outubro de 2011

As origens do artesanato - Parte 2




Olá!!
Continuo hoje a postagem sobre as origens do artesanato.
No primeiro post, comentei sobre o significado da palavra artesanato, o conceito e as características da produção artesanal. Antes de prosseguir, quero inserir aqui o conceito de artesanato que encontrei depois de ter postado a 1ª parte. Faço isso porque se trata do conceito definido pelo Conselho Mundial de Artesanato (WORLD CRAFT COUNCIL - WCC): 

"Artesanato é toda a atividade produtiva que resulte em objetos e artefatos acabados, feitos manualmente ou com a utilização de meios tradicionais ou rudimentares, com habilidade, destreza, qualidade e criatividade”. (Celso Perota. Impactos do artesanato sobre o turismo no Espírito Santo – SEBRAE)

Feito esse acréscimo, vamos à parte 2.

Quando surgiu o artesanato?

O surgimento do artesanato ocorreu há milhares de anos. 
Com óbvias e previsíveis variações de tempo e de espaço, o "fazer manual" surgiu na História da Humanidade no momento em que os seres humanos sentiram necessidade de dispor de objetos e ferramentas para satisfazer as mais diversas necessidades do dia-a-dia.
Obter alimentos, cozinhá-los e armazená-los; proteger-se das intempéries; defender-se de animais selvagens e dos inimigos; erguer edificações; ornamentar o corpo, a casa e os templos (apenas para citar alguns exemplos) determinaram a iniciativa do ser humano de fazer uso dos recursos necessários para produzir coisas que facilitassem e/ou viabilizassem essas tarefas. Que recursos eram esses? As matérias-primas que a natureza oferecia, a inteligência, a criatividade e... AS MÃOS!!

Essa produção, foi portanto, durante um longo período de tempo, essencialmente manual. O ser humano desenvolveu, então, técnicas para cada fazer e essas técnicas variaram igualmente no tempo e no espaço. Algumas civilizações desenvolveram meios espetaculares e que até hoje intrigam engenheiros, arquitetos e técnicos contemporâneos. É o caso das civilizações egípcia, grega, romana, maia, entre outras. Durante determinado período de tempo, a própria família produzia os bens de que necessitava, mas aos poucos, essa produção se torna uma atividade específica de um determinado grupo de pessoas: os artesãos, que se tornam mais e mais especializados e requisitados, surgindo no cenário os ferreiros, sapateiros, ferradores, preparadores de peles, alfaiates, armeiros, joalheiros, metalúrgicos, etc.
O artesão tornou-se um
Agente econômico que começou por produzir bens destinados ao seu consumo próprio [e], à troca direta por bens de que necessitava produzidos por outros, [e em] geral, gozavam [os artesãos] dum estatuto social mais elevado que o dos camponeses. Os mais privilegiados eram os metalúrgicos e os joalheiros. (Cf. Carlos Gomes. Biblioteca Virtual de Derecho, Economía y Ciencias Sociales/Antecedentes do Capitalismo)
Com o passar do tempo, por volta do século XI surgem na Europa oficinas artesanais especializadas e o artesão detentor do conhecimento técnico passa a ter o estatuto de “mestre-artesão”. Nessas oficinas, o mestre-artesão admitia aprendizes que moravam com ele e lhe auxiliavam em troca de alimentos, vestuário e aprendizagem.
A especialização cada vez maior, a concorrência e a necessidade de defender os interesses específicos de cada atividade artesanal levaram à formação das Corporações de Ofício, organizadas pelos mestres-artesãos de cada cidade ou região.
O fazer artesanal possuía status, era reconhecido, valorizado. Até que, no século XVIII, começando pela Inglaterra, uma revolução no modo de produzir muda tudo. Trata-se da Revolução Industrial.
Continua no próximo post.

Imagem: vasilha de cerâmica da Mesopotâmia, uma das primeiras civilizações do mundo. Atual região do Iraque. Fonte: transparencia.org.br (Google imagens)