15 de outubro de 2012

Dia do Professor (Que tal ser um "professor de espantos"?) / Teacher Day (How about being a "professor of surprises"?)


Hoje é Dia do Professor. Ser professor é uma das profissões mais difíceis e complexas. Arrisco dizer que é uma arte. Das mais sublimes.
Sou professora por formação desde 1984, quando conclui o curso de Licenciatura em História na PUC de Porto Alegre. Em 1990 conclui o Mestrado, nessa mesma área e na mesma Universidade.
Desde que ingressei pela primeira vez na escola - e lá já se vão bons anos -, dezenas de professores passaram por minha vida. A grande maioria fica esquecida ao longo do caminho, mas alguns foram tão especiais e importantes que sua marca permanece. Podemos até esquecer alguns nomes, mas nunca o que nos ensinaram.
Minha primeira professora, que chamava-se Loiva, foi responsável pela minha alfabetização, no então Grupo Escolar Gonçalves Dias, uma escola que ficava próxima à minha casa, lá em Porto Alegre. Devo a ela saber ler e escrever bem, sem falsa modéstia. Ela era uma mulher atenciosa, delicada e muito, muito dedicada. Nos conduzia na aventura do aprender e descobrir com prazer e alegria.
Aliás, sou de uma época em que escola pública era sinônimo de qualidade de ensino. As escolas particulares eram poucas e para elas se dirigiam os estudantes que não atingiam as metas das públicas. Incrível, não é?
A realidade hoje é completamente diferente, salvo raras exceções.
Durante o tempo que lecionei, e isso aconteceu até 2009, também representei uma das muitas professoras que passaram pela vida dos meus alunos e sei que fiz a diferença para alguns. Isso é imensurável. É o que realiza um professor. É ilusão pensar que podemos, como professores, conquistar e influenciar todos os nossos alunos do modo como gostaríamos. Mas não é ilusão o fato de que faz toda a diferença as escolhas que fazemos sobre como exercer a nossa profissão: temos em nossas mãos o poder de construir ou destruir o prazer da criança e do jovem pelo aprendizado, pelo saber, pela descoberta.
O Brasil é um país que possui excelentes educadores, em todas as áreas, mas infelizmente também é um país que despreza a Educação desde o início de sua colonização. As mazelas da educação brasileira têm causas profundamente enraizadas, entranhadas na essência de sua caminhada histórica, o que torna muito difícil promover as mudanças necessárias. É por isso que aqui as escolas e os professores que fazem a diferença não são a regra, mas a exceção, mas felizmente há exemplos lindos de superação de dificuldades e obstáculos que devemos aplaudir, a exemplo do que o Globo Repórter mostrou na reportagem de 12/10.
Vale a pena conferir a história de superação de uma escola municipal do interior do Piauí, que está entre as 10 melhores escolas do país!! O link está aqui (é o 4º vídeo).

Uma das razões pelas quais deixei de ensinar é o fato de não acreditar mais no sistema educacional brasileiro. É uma farsa em muitos sentidos e cheio de contradições e absurdos. A gente acaba se sentindo um "Dom Quixote".
Tive a sorte de, enquanto lecionei, ter sido sempre respeitada pelos meus alunos, mesmo por aqueles que não eram muito simpatizantes com minha forma de ensinar. Não posso dizer o mesmo de muitos colegas de profissão que nos últimos anos vêm amargando situações desprezíveis nas salas de aula com seus alunos. Basta acompanhar aos noticiários.



Inspirar não é tarefa fácil, mas quando esse é o objetivo do professor e quando ele consegue isso, podem ter certeza: é maravilhoso! Como diz Ruben Alves, um dos maiores educadores deste país, é preciso ser "professor de espantos". O que será isso? Confiram esse vídeo e vocês entenderão melhor...

O problema é que vivemos num país em que professores assim ainda são poucos e pior: a formação dos professores raramente inclui o desenvolvimento destas habilidades, que quase sempre ficam apenas na teoria. Por outro lado, o salário que se paga ao professor impede que ele se dedique ao seu próprio aperfeiçoamento da maneira que precisa e deveria. Ser um "professor de espantos" requer muito mais do que vontade própria, mas penso que não seja impossível. Quero acreditar que não!

A vocês, colegas de profissão, que ainda acreditam que as coisas possam melhorar, desejo um feliz dia, desejo que seus sonhos se tornem realidade e que nunca esqueçam  que os professores têm nas mãos o poder da transformação, por mínima que seja. E confesso: sinto falta da sala de aula, dos meus alunos e do prazer de compartilhar o pouco que sei e, mais ainda, de aprender o muito que eles sabem e têm a nos ensinar!
A imagem que trago para finalizar este post é divertida e simboliza o carinho e a travessura de crianças e jovens que merecem ter o melhor de seus professores, pois depois da família, é com o professor que eles irão conviver durante boa parte de suas vidas.
Um grande abraço!
Ju

3 comentários:

  1. Olá Ju, passeando pela net encontrei seu blog e me encantei pelo seu cantinho, também sou professora mas ainda estou na ativa, gosto muito de trabalhar na área e ainda não me desiludi com a profissão e espero que isso não aconteça nem tão cedo...estou te seguindo e também coloquei seu blog na lista lateral do meu, para que possa voltar aqui mais vezes...se desejar fazer o mesmo ficarei feliz...tenha uma ótima semana...


    !!!!beijokas!!!!


    .

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  2. Ju...gostei da sua homenagem e parabéns!
    Hoje falta muito , mas falta muito respeito com o professor!
    Beijos e te desejo uma ótima semana!
    CamomilaRosa

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  3. Ah...e obrigada por me falar da laca...dizem que ela dá efeito de vidro e um dia vou testar! Vamos!
    Como vc, eu adoro conhecer e inventar!hehe!
    Bjs e compra o livro tilda sim...

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Comentários dos cantinhos amigos... É tão bom ler!